NOTÍCIAS19/11/2011 Bancários lembram 11 anos da privatização do Banespa
No último domingo, dia 20 de novembro, foram completados 11 anos de um episódio triste para os bancários e o povo paulista e brasileiro. Nessa data, no ano de 2000, era oficializada a privatização do Banco do Estado de São Paulo, o Banespa, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
A venda foi mais uma das obras nefastas dos tucanos. Federalizado pelo governo de Mario Covas e Geraldo Alckmin, o banco foi vendido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso ao banco espanhol Santander - José Serra era então ministro do Planejamento. As entidades sindicais e a Afubesp resistiram bravamente ao longo de quase seis anos, promovendo fortes mobilizações dos banespianos e da sociedade. "A privatização foi um mau negócio para todos os brasileiros, menos para o Santander. Milhares de trabalhadores e trabalhadoras perderam seus empregos, várias conquistas dos bancários foram retiradas e dezenas de agências foram fechadas, prejudicando o atendimento da população. Além disso, São Paulo perdeu o maior instrumento de crédito e indutor de desenvolvimento econômico e social do Estado", avalia Ademir Wiederkehr, secretário de Imprensa da Contraf-CUT.
Histórias que o tempo não apaga
O dia 20 de novembro de 2000 era uma segunda-feira, com o ar de primavera igual ao deste ano. És 10h, instalava-se na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro - longe do ringue paulista - o leilão de privatização do Banespa. Os bancários tinham feito um movimento vigoroso de resistência, desde a intervenção do Banco Central, no final de 1994. Os sindicatos e a Afubesp conquistaram várias liminares e decisões judiciais, ganhando apoio na sociedade e forçando sucessivos adiamentos do leilão. A venda só ocorreu após o governo FHC ter baixado uma medida provisória, conhecida como MP do Banespa, que remetia qualquer recurso para a apreciação direta do presidente do STF, ministro Carlos Veloso. Na véspera da privatização, havia uma liminar que impedia a realização do leilão. Velloso fez plantão naquele fim de semana, recebendo no sábado à tarde o recurso da Advocacia-Geral da União, então sob o comando de Gilmar Mendes, hoje ministro do STF, e cassando na noite de domingo a medida judicial, o que possibilitou a venda do banco para o Santander na manhã de segunda-feira. Em todo país, os funcionários do Banespa receberam a notícia, durante uma paralisação càvica em frente às agências. Uma grande concentração ocorreu diante do edifício-sede do Banespa, no centro de São Paulo. Muitos se emocionaram e choraram.
As entidades sindicais e de representação, que lideraram a defesa do Banespa como banco público, consideravam na época o preço mínimo de venda subavaliado. O valor havia sido fixado em R$ 1,850 bilhão. O Banespa foi entregue ao Santander por R$ 7,050 bilhões, quase seis anos depois de sofrer intervenção do Banco Central, em dezembro de 1994, no final do governo Fleury e às vésperas da posse do governo Covas. A venda representou um ágio de 281% sobre o preço mínimo. O lance do Unibanco foi de R$ 2,1 bilhões e o do Bradesco, de R$ 1,86 bilhão. O Itaú não apareceu. O então procurador da República no Distrito Federal, Luiz Francisco de Souza, disse que o valor oferecido pelo Santander reforçava a tese de que o preço mínimo do banco foi subavaliado pelo governo tucano. Segundo o procurador, com o ágio o Santander seria beneficiado com créditos tributários, o que assegurou efetivamente generosos abatimentos no imposto de renda. Um estudo feito na época por economistas do Dieese e da Unicamp apurou falhas na avaliação do banco e estimou que o preço mínimo devia ter sido o dobro do valor oficial, que não considerou, entre outros fatores, a marca Banespa e os créditos fiscais.
A luta não acabou com a privatização Vítimas da privatização, os banespianos continuaram lutando em defesa dos empregos e direitos, garantindo estabilidade no emprego por alguns anos e aposentadoria para milhares de funcionários. Também foi assegurada a manutenção do fundo de previdência (Banesprev) e da caixa de assistência àsaúde (Cabesp), pois o edital de privatização previa o patrocínio do banco somente por 18 meses e 60 meses, respectivamente. As entidades sindicais conquistaram um acordo aditivo à convenção coletiva, que amplia direitos para os trabalhadores do Santander. O instrumento é hoje extensivo aos empregados oriundos do Noroeste, Geral do Comércio, Meridional e Real.
Postado pela Assessoria de Imprensa: 21/11/2011 Fonte: Contraf-CUT com Afubesp |
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