NOTÍCIAS28/12/2011 Unidade e mobilização garantirão novas conquistas em 2012O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, concedeu uma entrevista para este final de ano, fazendo um balanço das lutas e conquistas dos bancários em 2011 e projetando desafios e novas jornadas para 2012. Destacando a importância da unidade nacional e da mobilização da categoria para garantir novos avanços para os trabalhadores.
Carlos, que também é coordenador do Comando Nacional dos Bancários e presidente da UNI Américas Finanças, chamou atenção para o problema do emprego, diante da política de rotatividade dos bancos, a necessidade de debater o sistema financeiro com a sociedade e o valor da saúde dos trabalhadores. O sindicalista ressaltou ainda o papel dos dirigentes sindicais. "Eles precisam se tornar referência para os trabalhadores nas principais questões, como as reformas tributária, política e do sistema financeiro", apontou. "A Contraf-CUT tem a responsabilidade de auxiliar nessa tarefa, qualificando-os para intervenções cada vez mais decisivas no debate social", disse. Leia abaixo as principais trechos da entrevista :
Conseguimos avançar e consolidar conquistas na questão econômica, como o aumento real de salario, importante para a ampliação do poder de compra da sociedade, e melhorias na PLR. Mas avançamos também em outros pontos, especialmente saúde e segurança bancária, com a não publicação dos rankings individuais de metas, a possibilidade de o bancário avaliar o profissional que aplica o exame médico periódico e os avanços, mesmo que pequenos, na segurança bancaria.
A grande barreira que derrubamos, e que foi o maior destaque da campanha, foi sair com aumento real de salário numa situação de inflação considerada alta. Isso foi fundamental não só neste momento, mas para campanhas futuras. O argumento central para essa campanha, falado desde o começo do ano, era o de que não poderíamos ter aumento real porque isso alimentaria a inflação. Se os trabalhadores do setor financeiro - o mais lucrativo da economia brasileira - não tivessem conquistado aumento real, isso teria impacto em todas as outras categorias. Éramos a bola da vez. Houve toda uma atuação do governo federal, do Banco Central e dos bancos, através da Fenaban, com pressão junto à opinião pública nesse sentido, de que não poderíamos ter aumento real. Mas não só consolidamos o aumento real para os bancários, como ficou a
Nosso desafio para 2012 é começar o ano implementando tanto as quatro mesas temáticas com a Fenaban (saúde do trabalhador, igualdade de oportunidades, terceirização e segurança bancária) quanto às específicas com cada banco. Vamos tratar temas importantes para a categoria. Não só remuneração, como a discussão de plano de cargos e salários também nos bancos privados, mas também de saúde, condições de trabalho, segurança e previdência complementar.
O grande problema hoje é o emprego, e as condições de trabalho. Como enfrentar a rotatividade, que eu chamo de jabuticaba, porque só existe no Brasil neste nàvel. É uma vergonha, uma violência praticada pelas empresas, e em especial pelos bancos, para reduzir custos: trocam de trabalhador para baixar o salário médio. Em outros setores no Brasil também há rotatividade, mas o salário não cai como nos bancos. Os bancos são o setor que tem a maior diferença salarial entre demitidos e Outro grave problema são as condições de trabalho nos bancos, sobretudo o assédio moral e as metas abusivas, que têm trazido estresse, adoecimento de milhares de trabalhadores e pedidos de demissão.
O Brasil é hoje a sexta economia do mundo, mas é o décimo pior em distribuição de renda. Temos que fazer uma disputa muito grande na sociedade, que passa pela reforma tributária, para discutir o tamanho do Estado; a reforma política, para debater qual Congresso vai nos representar; e a reforma do sistema financeiro. Isso nas questões macro.
O lucro dos bancos vem de quatro fontes. Primeiro: 25% vem, em média, da Outra parte vem das seguradoras, que são dos bancos. E a última parte
Temos que discutir qual o papel dos bancos. Está colocada a questão da Por que só a partir de certa renda o cliente pode ser atendido na agência e o resto é empurrado para as lotéricas? Todo cidadão tem o direito de ter conta e não pode ser discriminado. E todo atendimento deve ser feito por bancário - sem atendimento de segunda ou terceira categoria. Isso passa pelo debate dos correspondentes bancários, que são uma terceirização porca para reduzir custos dos bancos - os trabalhadores dos correspondentes ganham, em média, um terço do salário de um bancário. Tivemos uma intervenção boa no Congresso Nacional sobre este tema e vamos ter que qualificar essa intervenção para combater o modelo de exclusão feito pelo sistema financeiro e pelo governo. Estamos conversando com a CNBB, a CUT e outras entidades para fazer essa discussão com toda a sociedade sobre a necessidade da conferência nacional do sistema financeiro.
A partir dessa conjuntura, acho que os sindicatos de bancários têm que ocupar espaço junto com as centrais e se tornarem de fato referências dos trabalhadores. Se não aproveitarmos este momento de crescimento econômico e da renda do Não basta apenas resistir e lutar contra, mas buscar outro modelo que dê ao
Vivemos um momento de grandes oportunidades em nosso país. A unidade, a
Fonte: Contraf-CUT |
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