15/03/2011
Marta Suplicy: "Estamos vivendo um momento especial"
"Estamos vivendo um momento especial igual a quando as mulheres conquistaram o direito ao voto. Um marco histórico depois de anos de uma luta muito sofrida". Foi com essas palavras que a senadora Marta Suplicy (PT-SP) classificou o momento político atual brasileiro, após a eleição de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil. A afirmação foi feita durante o debate promovido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região nesta segunda-feira, 14/3. O evento fez parte de uma agenda organizada pela entidade para celebrar o Mês da Mulher.
O debate começou com um minuto de silêncio em memória às vítimas da tragédia no Japão, a pedido da senadora, que lembrou que o Brasil concentra a maior comunidade nipônica fora daquele país. Na abertura, a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira Leite, pontuou alguns problemas que a mulher enfrenta na sociedade atual, como o fato de a cada dois minutos uma mulher ser agredida em âmbito doméstico, salário 30% menor em relação aos homens, e que apenas 8% da Câmara Federal é ocupado por mulheres. "Aqui mesmo no Sindicato, demorou 87 anos para que uma mulher ocupasse a presidência da entidade", lembra.
Apesar desses dados, Marta acredita que é o começo de um novo tempo. "A eleição de Dilma abriu uma porta sem precedente. Atualmente, temos 9 ministras. O máximo que havia existido antes foram quatro. Logo após sua posse, as vice presidências da Câmara e do Senado ficaram nas mãos de duas mulheres, o que também nunca tinha acontecido antes", afirma a senadora, que é justamente uma dessas mulheres.
Marta fez uma rápida retrospectiva do que havia acontecido desde que as mulheres conquistaram o direito a voto, há 79 anos. "Se olharmos para os fatos, nós estamos indo bem. Apesar de nossa representação no Congresso Nacional ainda ser pequena, já criamos mecanismos, como a Lei das Cotas. Mas nosso principal desafio que precisa ser superado ainda é cultural. As mulheres ainda não estão acostumadas a ocupar a esfera pública e não tem apoio financeiro suficiente dos partidos".
Violência contra a mulher - Com relação a violência contra a mulher, a senadora informou alguns dados de uma pesquisa realizada pelo Senado. Quase 100% das mulheres entrevistadas conhecem a Lei Maria da Penha, porém mais de 60% delas têm medo de denunciar o agressor. "Nós apuramos que o principal motivo para as mulheres não denunciarem seus companheiros é porque elas não têm para onde ir, não têm como sair de casa e levar os filhos. Enquanto a mulher não tiver independência econômica, esse problema não terá jeito".
Marta defende que a solução para esses casos passa pelo que chama de "empoderamento" da mulher e citou algumas ações concretas que o governo Dilma pretende implantar, como avanços na educação; a construção de 6 mil creches em todo o país ("sem uma creche, onde essa mulher vai deixar os filhos para poder ir trabalhar?"); facilitar o acesso ao crédito para a criação de novos negócios e cooperativas - medidas que vão ajudar no processo de independência econômica.
Não à homofobia - Logo após tomar posse, a senadora conseguiu o desarquivamento do projeto de lei que criminaliza a homofobia, conhecido como PL 122. Mas isso foi apenas o começo. "Desarquivar é uma coisa. Votar é outra bem diferente. Esse projeto de lei foi criado há cinco anos. De lá para cá, muita coisa mudou e eu sinto que o momento é muito bom no país. O Brasil está caminhando para o respeito, para os direitos humanos", afirma.
Para a senadora, o Congresso está dividido entre os parlamentares que são a favor, os que são contrário e não vão mudar de opinião, mas que ainda há aqueles que entendem o que é o combate à homofobia, mas têm "medo" do eleitor. "São estes últimos os que temos de convencer, (a quem temos) de mostrar que o Brasil está preparado e maduro para isso", avalia.
Fonte: FETEC/CUT - por Assessoria de Imprensa 15/03/2011
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