NOTÍCIAS19/09/2025 Fintechs não cumpriram a promessa de trazer maior competitividade e juros menores
Por Tatiane Correia e Lilian Milena, com apoio do Dieese No geral, as fintechs pagam menos tributos em relação aos bancos tradicionais, além disso, seguem beneficiadas com menos responsabilidades trabalhistas e prudenciais (normas que exigem garantias de segurança e solidez para o sistema financeiro) que os bancos. Play Video Havia também a promessa de que a concorrência entre bancos e fintechs resultaria na queda dos juros em todo o sistema financeiro. Entre a série de medidas que beneficiam a explosão de fintechs no país estava a tributação diferenciada. Até bem pouco tempo, essas empresas pagavam 9% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Mas, com o objetivo de padronizar corrigir distorções em relação aos bancos tradicionais, que hoje respondem à alíquota de 20% de CSLL, em junho, o governo federal publicou a Medida Provisória (MP) 1.303/2025 que elevou a cobrança para 15% na CSLL às fintechs. Juros estratosféricos
Na época em que o CMN publicou a regra, o país já registrava uma média de 480% ao ano no juro rotativo, percentual que não sofreu mudanças desde então. Em junho deste ano, por exemplo, o Banco Central registrou média de 450% ao ano no crédito do rotativo. Mais recentemente, em agosto, o percentual girou em torno de 430% ao ano. Passada mais de uma década desde que o Banco Central realizou a primeira política de incentivo para a entrada das empresas de tecnologia no serviço financeiro, em 2011, o brasileiro segue exposto a cobranças abusivas de taxas de juros. A dívida contraída pela designer junto ao Nubank havia caído no chamado “rotativo”, uma das modalidades com as maiores taxas de juros que os bancos aplicam, automaticamente, quando o consumidor não paga o valor integral da fatura até a data de vencimento.
Ainda não é possível contabilizar os impactos na nova regra no endividamento atual da população, porque está sendo aplicada nas dívidas contraídas a partir de janeiro de 2024, não em contratos pactuados anteriormente, como do caso da designer Thaynná Barros que, ao tornar sua história pública, expôs a face cruel dos juros abusivos e que penalizam as famílias e o desenvolvimento do país. Promessas vazias Contudo, o cenário é bem diferente do proposto. Estudo elaborado pela Fundação Getúlio Vargas, em 2023, apontou para a direção de que as fintechs não cumpriram a promessa de trazer maior competitividade e, portanto, juros menores, em todas as modalidades, como mostra o quadro a seguir, comparando os juros do Banco Digio (fintech) com o de bancos tradicionais, dos períodos de abril de 2015 a abril de 2020:
Fonte: “Fintechs e bancos tradicionais: regulação, competição e cooperação no Brasil”, de Davi Ferreira Veronese e Maria Paula Bertran, Revista Direito GV, 2023. Apesar desses dados, baseados em levantamentos recentes e do próprio Banco Central, um levantamento realizado pela PwC Brasil, em parceria com a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD), apontou uma taxa média de 167% no rotativo do cartão das fintechs, em 2024, ante 242% no ano anterior. A pesquisa avaliou 44 fintechs. Hoje, existem 330 reguladas pelo Banco Central. Outras fintechs que ganharam espaço significativo nos últimos anos, em número de clientes e carteira, como C6 Bank, PicPay, Inter, Will e Neon, estão ao lado da Nubank na lista do BC (atualizada em agosto deste ano) com a aplicação de juros no rotativo que vão de 340% a 889% ao ano.
Fonte: CONTRAF |
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