Uma delegação de dirigentes bancários brasileiros participou, nesta sexta-feira (1), de uma manifestação em frente ao banco BNY Mellon, em Nova York, Estados Unidos. O objetivo foi pressionar a instituição a ressarcir prejuízos bilionários na atuação de sua subsidiária no Brasil durante o período em que foi gestora de investimentos do Postalis, o fundo de pensão dos trabalhadores dos Correios.
Os mais prejudicados foram os participantes do Plano de Benefício Definido (PBD), que tem mais de 79 mil participantes ativos e assistidos. “No ano passado, o Banco BNY Mellon, com sede em Nova York e subsidiárias no Brasil, recebeu por volta de R$ 6 bilhões para administrar fundos do Postalis, e a grande maioria desses investimentos teve prejuízos. Foram mal investidos e causaram prejuízo bilionário aos cofres do Postalis, comprometendo o futuro dos planos de benefícios dos trabalhadores dos Correios”, disse o atual presidente do Postalis, Camilo Fernandes.
Desde 2015, o Postalis mantém ações judiciais no Brasil para reparação destes danos, que aguardam sentenças definitivas, bem como atua como assistente de acusação na ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal, que busca responsabilizar o banco pelos prejuízos causados ao fundo de pensão. “Só o Ministério Público brasileiro tem uma ação que hoje está no valor aproximado de R$ 8 bilhões”, relata Camilo.
Solidariedade internacional
A manifestação, convocada pela UNI Global Union, teve a presença de líderes sindicais de todo o planeta, que estiveram reunidos no 6º Congresso da UNI Global Union, encerrado na última quarta-feira 30, na Filadélfia.
Entre essas lideranças, estavam a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira; a presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região (Seeb-SP), Neiva Ribeiro; a secretária-geral do Seeb-SP, Lucimara Malaquias; a secretária de Organização e Suporte Administrativo do Seeb-SP, Ana Beatriz Garbelini; a vice-presidenta da CUT-SP e presidenta do Instituto Lula, Ivone Silva; o secretário-geral da Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga; a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes; e a secretária de Juventude da Contraf-CUT, Bianca Garbelini.
“A CUT apoia totalmente esta causa, nós bancários também. Aqui o banco joga o problema para a subsidiária do Brasil, e aqui é a matriz. Eles precisam resolver o problema. Os liberais vivem dizendo que tudo que é privado é bom, o que é uma falácia. O BNY Mellon é um banco privado, americano, e deu um prejuízo bilionário aos trabalhadores dos Correios”, avaliou Juvandia Moreira, acrescentando ainda que os fundos de pensão devem ter gestão paritária, com participação dos trabalhadores, uma vez que os recursos são deles. “Os executivos do banco ganharam seus bônus altíssimos, e o trabalhador dos Correios que está tendo de pagar, ter prejuízo, para equalizar.”
“Viemos até o BNY Mellon para dar um recado ao banco: é inadmissível que os trabalhadores dos Correios tenham suas aposentadorias ameaçadas pela má gestão do banco. Os recursos são das trabalhadoras e trabalhadores dos Correios, e eles devem ser ressarcidos deste prejuízo”, enfatizou Neiva Ribeiro.
“Cobramos que a direção do BNY Mellon se sensibilize com a situação dos trabalhadores dos Correios, participantes do Postalis, e que negocie com seriedade e de forma efetiva a questão financeira da aposentadoria destes trabalhadores”, disse Lucimara Malaquias.
Camilo Fernandes agradeceu o apoio do Seeb-SP, da Contraf-CUT, da UNI Global Union e demais entidades na luta em defesa da aposentadoria dos trabalhadores dos Correios. “Foi muito importante, neste momento que as negociações no Brasil não avançam, com total desrespeito do banco, que nós aproveitamos o congresso da Uni Global Union para reunir dirigentes sindicais de todos os lugares do mundo, de várias categorias, para denunciar este problema enfrentado pelos trabalhadores dos Correios. Essa solidariedade é muito importante para nós. Quero agradecer aos dirigentes sindicais de todo o mundo, em especial os bancários brasileiros, à UNI Global Union, na pessoa de Marcio Monzane, que esteve à frente da organização das manifestações. Esperamos que todo esse apoio, toda essa luta, se reverta em uma postura mais respeitosa do BNY Mellon. Que volte a negociar com seriedade e cumpra com sua responsabilidade, nos ajudando a reverter esse prejuízo que causou no passado”, afirmou.