05/07/2023
Samba de bancários para Estácio passa pela segunda eliminatória
O samba-enredo composto por quatro bancários para a Escola de Samba Estácio de Sá passou pela segunda eliminatória, na última sexta-feira (30), na disputa para o Carnaval de 2024. As próximas etapas acontecem todas as sextas-feiras, até a grande final no dia 5 de agosto.
Entre os compositores está o secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar. Os outros são Enilson Nascimento, Walmir do Banjo e Jorge Lourenço (da Copa Bancária). A Estácio desfila no grupo de acesso.
A canção, “Chão de devoção: orgulho ancestral”, disputa a indicação na interpretação de Pse de Minuta, Júlio Negão e Krek (ouça a gravação ao final). O enredo da Estácio, criado pelos carnavalescos Marcus Paulo e Mauro Leite, colocará na Marquês de Sapucaí, cultura, religião, história e dança dos negros e negras que formaram o processo civilizatório brasileiro.
Para Almir, “é importante colocar em pauta a relevância cultural que o povo negro sequestrado da África trouxe para o Brasil”. Segundo o secretário, “essa é uma forma de também promover a discussão do racismo, do preconceito e da violência contra a juventude e a mulher negra, bem como da falta de espaço no mercado de trabalho”.
O secretário afirma que a canção “busca reviver a história, como ela precisa ser contada, ou, como diz aquele samba da Mangueira, ‘a história que a história não conta’. Precisamos lembrar a todo momento o nosso legado, para que todos compreendam que o negro era liberto, foi sequestrado e escravizado e deixou um legado muito grande, que o país precisa conhecer”.
O samba-enredo
Confira a seguir a letra completa do samba.
Chão de devoção: orgulho ancestral
(Enilson Nascimento, Walmir do Banjo, Almir Aguiar e Jorge Lourenço)
Canta Maria Conga
Esta festança…
“Ofertamos” pra vocês
Na fé de suas preces
A certeza de vencer
Vieram de lá
Do outro lado do oceano
Trazidas do solo africano
Sob o “açoite” do colonizador
Escravizando “mães pretas” da África
Que por seus filhos sofriam a dor…
Em noites sombrias
No “afã” de escravizar
Atacavam “gente de pele preta”
Nos festejos do cultuar…
O sangue que “corre” nas veias
Não é diferente do que “jorra” em seu coração
O que vale na vida da gente
É liberdade, sem discriminação…
Das crenças
À sabedoria “ancestral”
“Orum” Reino das Almas
Do passado ao presente
Com muito orgulho
Somos descendentes…
Canta vovó Cambinda
Canta Maria Conga
Esta festança…
“Ofertamos” pra vocês
Na fé de suas preces
A certeza de vencer
“Neste chão” vermelho e branco
o “racismo” não tem lugar
Com a cultura do “nosso povo preto”
Vem a “Estácio de Sá…”
Ouça o samba, publicado na página do Berço do Samba, no YouTube.
Fonte: CONTRAF
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