30/05/2023
Contraf-CUT já havia denunciado uso eleitoral da Caixa por Bolsonaro e Pedro Guimarães
O portal Uol publicou reportagem nesta segunda-feira (29) afirmando que “Bolsonaro provocou calote bilionário na Caixa em tentativa de reeleição”. O texto recorda que, com finalidades eleitorais, Jair Bolsonaro editou duas medidas provisórias para criar linhas de crédito na Caixa Econômica Federal para devedores com nome sujo e para beneficiários do Auxílio Brasil.
“É importante que o Uol tenha publicado esta matéria para dar maior repercussão a esta denúncia, que já havíamos feito no ano passado”, lembrou o empregado da Caixa e dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rafael de Castro. “E o uso da Caixa com finalidades eleitorais continuou após a saída de Pedro Guimarães. Logo após assumir a presidência do banco, Daniella Marques lançou o ‘Caixa Pra Elas’, nos mesmos moldes dos dois programas citados pelo portal, visando melhorar a imagem de Bolsonaro entre o público feminino, também com grande rejeição a Bolsonaro”, ressaltou.
Para a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, Bolsonaro usou o banco politicamente e eleitoralmente de forma irresponsável. “O problema só não foi maior porque a Caixa é um banco sólido e conta com trabalhadores concursados e preparados. E, passada a eleição, o banco rapidamente parou de conceder esses créditos eleitoreiros”, disse. O Uol, em sua reportagem, confirma que a Caixa suspendeu os empréstimos para pessoas com nome sujo assim que Pedro Guimarães deixou a presidência da Caixa e que, logo após as eleições, também parou de conceder crédito para beneficiários do Auxílio Brasil.
Histórico das denúncias
Pedro reincidente
No dia 19 de maio de 2022, a Contraf-CUT publicou o texto “Caixa continua sendo usada em campanha eleitoral antecipada”, que trazia a denúncia de empregados da Caixa Econômica Federal contra o então presidente do banco, Pedro Guimarães, que tinha como base o vídeo “Caixa: mudança histórica de postura garante investimentos a quem mais necessita”, postado do canal pessoal no Youtube do presidente da República, com depoimento do presidente da Caixa.
“Não era a primeira vez que Pedro Guimarães usava a Caixa para fazer campanha eleitoral para Bolsonaro. Em 2021, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) reconheceu que, já naquela ocasião, havia evidências de uso pessoal da Caixa para esta prática”, observou a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt.
Endividamento das famílias e PMEs
Além do uso eleitoreiro da Caixa, os empregados também denunciavam que a “arapuca do consignado mantém risco de assédio na Caixa”. O texto, publicado no dia 19 de julho de 2022, ressaltava que a possibilidade de realizar empréstimos consignados às famílias, por meio do Auxílio Brasil, e às pequenas e microempresas, pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), somada ao aumento do percentual de comprometimento da renda para até 40%, poderia ampliar o endividamento dos brasileiros, mas também o assédio moral e a sobrecarga de trabalho dos empregados da Caixa.
Daniella Marques continua
Logo após a saída de Pedro Guimarães da presidência do banco, no dia 14 de setembro de 2022, a Contraf-CUT denunciou: “Caixa é usada para propaganda política”. O texto mostrava ainda que, além do uso político-eleitoral, a gestão de Daniella Marques impunha um “descabido aumento de metas de vendas” aos empregados.
Nada para os empregados
Já no segundo turno das eleições, no dia 19 de outubro de 2022, a Contraf-CUT no texto “Caixa reduz verbas para agências” denunciava que o banco buscava compensar a “mão-aberta” para os empréstimos eleitoreiros, com o corte de verbas para materiais essenciais ao funcionamento das agências.
Após as eleições
Em novembro de 2022, por ocasião da divulgação do balanço do terceiro trimestre da Caixa, a Contraf-CUT publicou um texto utilizando dados do próprio balanço do banco, no qual denunciava que o crescimento considerável de oferta de crédito que a Caixa Econômica, registrado no período, apontava para a instrumentalização do banco na tentativa frustrada de reeleger Bolsonaro.
O texto mostrava ainda que esta política levou à queda do índice de liquidez de curto prazo, o que levou o banco a praticamente deixar de ofertar crédito após as eleições.
Fonte: CONTRAF
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