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03/01/2022

Vacinação contra a covid-19 em 2021 foi marcada pela desigualdade

São Paulo – A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) avaliou que a vacinação contra a covid-19 durante este ano no Brasil foi marcada pela desigualdade. Os pesquisadores do painel MonitoraCovid-19 levantaram dados mostrando que em cidades com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considerado muito alto, a imunização completa com duas doses alcança em média 70% da população. Já em municípios com IDH avaliado como baixo, o indicador cai para cerca de 50%. “O IDH ajuda a qualificar a desigualdade da vacinação no país. Locais com baixo índice de desenvolvimento têm taxas de cobertura mais baixas”, informa o estudo.

A desigualdade também é perceptível na imunização ainda em andamento e na aplicação das doses de reforço. “Na primeira dose, o grupo de municípios com IDH muito alto apresentava, no último dado disponível, percentual de imunização de cerca de 80%, enquanto no grupo de municípios com IDH baixo, esse percentual é de 60%”, diz a pesquisa. “Em relação à terceira dose, o grupo de municípios com IDH muito alto apresenta cerca de 10% da população imunizada; no grupo de municípios com IDH baixo esse percentual é de somente 2,5%.”

Desigualdade regional

Outro aspecto que chama a atenção é a diferença regional no índice vacinal. “Enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentam elevado percentual da população imunizada, áreas da região Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda apresentam bolsões com baixa imunização contra a covid-19. Se considerarmos como um cenário de segurança, a vacinação com esquema completo acima de 80%, temos no Brasil apenas 16% dos municípios nessa situação”.

As falhas na vacinação também são preocupantes em regiões fronteiriças. “Área de fronteira, como o limite entre Rondônia e Bolívia, a tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia – onde se localizam as cidades de Tabatinga e Letícia- ,também na tríplice fronteira entre Roraima, Venezuela e Guiana, e todo o estado do Amapá, com fronteira com a Guiana Francesa. Esses territórios são hoje vulneráveis para a entrada de novas variantes e espalhamento do vírus da Covid-19 para todo o país.”

Medidas não farmacológicas

O pesquisador Diego Xavier explica que a maior expectativa de vida em locais com IDH alto explicaria em parte a desigualdade. Entretanto, isso seria válido apenas para os estágios iniciais do processo de imunização. “Apesar do componente longevidade considerado no IDH poder ter inflacionado o percentual de população coberta, passados quase um ano do início da campanha de imunização e o avanço da vacinação para as demais faixas etárias, é pouco provável que este fator tenha influência sobre a cobertura vacinal”, pontua.

Diante da desigualdade e dos desafios ainda impostos pela pandemia, a Fiocruz reforça a necessidade da aceleração da aplicação das segundas doses do esquema vacinal e da da dose de reforço, e ressalta a importância das medidas de prevenção como o uso de máscaras, de preferência nos modelos PFF2 e N95, além da não recomendação de realização de eventos de grande porte que geram aglomerações.

Fonte: CONTRAF

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