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19/10/2021

Senador defende indiciamento de Paulo Guedes pela CPI da Covid

São Paulo – O senador Humberto Costa (PT-PE) defendeu nesta terça-feira (19) que o ministro Paulo Guedes seja indiciado pela CPI da Covid. De acordo com o parlamentar, este é um dos pontos que ainda serão debatidos antes da apresentação nesta quarta-feira (20) do relatório final da Comissão. Segundo ele, o Guedes aderiu à tese de que a população deveria se contaminar livremente pela covid-19 até atingir a chamada imunidade de rebanho. Assim, como o presidente Jair Bolsonaro, ele foi contra as medidas de isolamento, temendo seus impactos econômicos.

Nesse sentido, a Coalizão Direitos Valem Mais e a Plataforma de Direitos Humanos Dhesca Brasil chegaram a ingressar no Supremo Tribunal Federal com pedido de impeachment de Guedes. As organizações apontam a ocorrência de crime de responsabilidade devido, entre outros pontos, à falta de previsão no orçamento de 2021 de recursos para o enfrentamento da pandemia.

“Defendo que o ministro seja indiciado pela CPI, não somente pela condução econômico-financeira no enfrentamento da pandemia. Guedes foi aderente a esta tese da imunidade de rebanho. Também recomendou a utilização desses medicamentos sem eficácia. Além de ter desqualificado vacinas que foram aplicadas na maior parte da população, desestimulando o processo de vacinação. Creio que tudo isso justifica o seu indiciamento pela CPI”, disse Costa em entrevista a Adriana Natali e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta terça (19).

Guedes chegou a ser classificado como “desonesto intelectual” pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta durante depoimento à CPI. Segundo ele, o ministro da Economia disse ter garantido verbas para a compra de vacinas quando estas ainda nem sequer existiam. Por outro lado, a comissão também apurou que a equipe de Guedes chegou a barrar dispositivo que facilitava a aquisição de imunizantes da Pfizer e Janssen.

CPI da Covid e genocídio indígena

Outro ponto que vem causando divergência é a possibilidade de indiciar Bolsonaro pelo crime de genocídio cometido contra os povos indígenas durante a pandemia. Para Humberto Costa, o governo Bolsonaro vem colaborando para o extermínio dos povos indígenas. Mas houve mudança de postura em relação às medidas de enfrentamento à covid-19 voltada aos povos originários diante do risco de acusação do crime de genocídio.

Costa apontou que o governo estimulou que garimpeiros e grileiros infringissem regras de isolamento adotadas nas aldeias. Além disso, também distribuiu aos indígenas os medicamentos do chamado “kit covid” e não desmentiu notícias falsas sobre supostos efeitos nocivos da vacinação. “Porém, quando o governo sentiu que essas atitudes poderiam levar a uma condenação por genocídio, mudou um pouco essa postura”, anotou o senador.

O parlamentar acredita que o relatório final da CPI deverá ser anexado a processos submetidos ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, que acusam o governo brasileiro de crimes contra os indígenas. Além disso, disse que, considerando o conjunto de ações adotadas contra os povos originários, que vão desde o desmonte dos órgãos de assistência a essas populações, passando pelo estímulo à invasão de suas terras e o congelamento de novas demarcações de reservas indígenas, existem elementos suficientes para caracterizar a prática de genocídio.

Assista à entrevista

Fonte: REDE BRASIL ATUAL

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