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05/07/2021

CPI da Covid vai investigar atuação do ‘gabinete do ódio’ na pandemia

São Paulo – A CPI da Covid tem colocado o governo Bolsonaro nas cordas, com recentes denúncias de corrupção no Ministério da Saúde, envolvendo a compra de vacinas contra a covid-19. As ruas também se mobilizam para exigir a saída do presidente, chamado de “genocida”. Nesta semana, um “superpedido” de impeachment foi protocolado na Câmara dos Deputados, apontando 23 tipos de crimes cometidos por Bolsonaro, antes e durante a pandemia, que já matou mais de 520 mil pessoas no Brasil. Acuado, Bolsonaro aposta na máquina de fake news para tentar manter unida sua base de seguidores mais radicais.

Nesta quinta-feira (1º), por exemplo, as redes bolsonaristas foram inundadas com ataques ao deputado Luis Miranda (DEM-DF). A ação orquestrada ocorreu imediatamente após o policial militar Luiz Paulo Dominguetti apresentar à CPI um áudio sobre o suposto envolvimento do parlamentar na compra de vacinas. Tratou-se, no entanto, de um arquivo editado, com mensagens enviadas em outubro de 2020, sem qualquer ligação com a venda de imunizantes.

Também não faltam ataques virtuais dirigidos aos integrantes da CPI, em especial aos senadores Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL) – presidente, vice-presidente e relator da Comissão, respectivamente. Além disso, os bolsonaristas também insistem na tese de que o Supremo Tribunal Federal (STF) teria limitado os poderes do governo federal durante a pandemia. O próprio Tribunal divulgou nota desmentindo a teoria.

Diante de episódios como esses, a CPI da Covid aprovou nesta semana uma série de requerimentos para investigar a atuação do chamado “gabinete do ódio” durante a pandemia. Foram aprovadas quebras de sigilo telefônico e telemático de sete integrantes suspeitos de integrar o esquema. Segundo Renan, são assessores ou ex-assessores do Palácio do Planalto responsáveis pela criação e disseminação de conteúdos falsos na internet.

 

As quebras

De acordo com os requerimentos, eles seriam responsáveis por “executar estratégias de confronto ideológico e de radicalização dos ataques nas redes sociais contra adversários”. Além disso, também atuaram em defesa da utilização de medicação sem eficácia comprovada contra a covid-19, como a cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina. Nesse sentido, também apoiavam teorias como a da imunidade de rebanho, atacando medidas de isolamento.

Tiveram seus seus sigilos quebrados Carlos Eduardo Guimarães, assessor do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP); Mateus de Carvalho Sposito, assessor no Ministério das Comunicações; Mateus Matos Diniz, assessor no Ministério das Comunicações; José Matheus Sales Gomes e Tercio Arnaud Tomaz, assessores da Presidência; Lígia Nara Arnaud Tomaz, irmã de Tercio, e do blogueiro Allan dos Santos.

A CPI também determinou a quebra de sigilo das páginas de Facebook e Instagram mantidas pelos envolvidos no gabinete do ódio. Tercio, por exemplo, é responsável pelas páginas “Fechadocombolsonaro38” (“Vim do Futuro para Dizer que o Bolsonaro virou Presidente”), “Bolsonaro Opressor 2.0”, “Bolsonaro Opressor 2.0”, “Tercio A Tomaz”, “bolsonaro news”, “20 oprimir”, “nordestinos com Bolsonaro” e “extrema vergonha na cara”. As páginas e canais do Terça Livre, de Allan do Santos, também estão sendo investigadas.

Recentemente, o blogueiro chegou a levantar suspeitas de que a parada cardíaca sofrida pelo jogador dinamarquês Christian Eriksen, durante uma partida da Eurocopa, teria sido decorrente de efeitos colaterais da vacina contra a covid-19. Na sequência, ele foi desmentido pela diretoria da Internazionale, time de Eriksen, que afirmou que o jogador nem sequer havia sido vacinado.

A CPI também requer os dados e fotos mantidos pelos envolvidos com o gabinete do ódio nos serviços de armazenamento digital. Além da lista de contatos, terminais acessados e e-mails trocados pelos integrantes do grupo. A suspeita é que eles utilizaram inclusive computadores da Câmara e dos órgãos do governo federal para a disseminação de conteúdos inverídicos.

Organização criminosa

Alguns dos alvos das quebras solicitadas pela CPI, como Tercio e Allan, também estão no alvo do STF. Nesta semana, o ministro Alexandre de Moraes decidiu arquivar as investigações dos atos antidemocráticos. Mas abriu outro inquérito para investigar a existência de uma suposta “organização criminosa” que operaria para atacar os as instituições democráticas, como o próprio Supremo e o Congresso Nacional. O senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) seriam suspeitos de integrar o “núcleo político” da organização, segundo relatório da Polícia Federal (PF). Já os integrantes do gabinete do ódio pertenceriam ao “núcleo digital”.

Fonte: CONTRAF

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