02/02/2021
Fórum Social Mundial 2021: Sem o Estado e os bancos públicos, países não conseguiriam enfrentar a crise da pandemia
O movimento sindical bancário encerrou a participação no Fórum Social Mundial 2021 na sexta-feira (29) com uma oficina sobre o papel dos bancos públicos na retomada econômica e social pós pandemia. O painel foi organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo (Seeb-SP) e pela UNI Américas Finanças.
A presidenta da UNI Finanças Mundial, Rita Berlofa, abriu o debate mostrando o triste efeito da pandemia na América Latina e como os bancos públicos são fundamentais para a economia e para a população carente.
Berlofa citou um estudo feito pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) que demonstra que a América Latina pode perder, em um ano, todas as conquistas de uma década inteira em termos econômicos. E quinze anos em termos sociais. Se a retração do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 for considerada, explicou Berlofa, cerca de 50% dos trabalhadores estarão na informalidade, aumentando significativamente a pobreza e a miséria na América Latina.
Neste cenário, a necessidade do Estado fica evidente. E como exemplo da importância de como os bancos públicos são essenciais para fazer as políticas públicas chegarem a quem precisa, a presidenta da UNI Finanças citou o pagamento do auxílio emergencial para mais de 100 milhões de brasileiros, realizado pela Caixa. Ela explica que esta e outras políticas públicas realizadas no Brasil são exemplos que foram implementados em muitos países, “inclusive na meca do neoliberalismo – os Estados Unidos”, disse.
“Eu costumo dizer que a pandemia deixou o rei nu, porque o tão propalado ‘Estado Mínimo’ e o tal ‘Deus Mercado’ – que tudo pode, que se autorregula, não foram capazes de encarar essa crise. Não fosse a presença do Estado, nós vivenciaríamos agora uma barbárie”.
Para o secretário nacional da UNI América Finanças, Marcio Monzone, a pandemia afetou a relação de emprego, a distribuição de renda e a renda dos trabalhadores e acentuou a desigualdade social de toda América Latina. E avaliou que somente um sistema de bancos públicos fortalecido será capaz de assegurar o combate à desigualdade no continente.
“Os bancos públicos são importantes não só em situação de pandemia. São instrumento vital para disseminar e distribuir recursos para a população que precisa, para apoiar a economia nos pequenos municípios, apoiar o desenvolvimento de setores como agricultura, pequenas e médias empresas e o acesso à habitação”, destacou.
Monzone falou sobre a importância da Caixa para impulsionar o programa habitacional da Venezuela em 2011. Com a experiência positiva do Minha Casa Minha Vida, a Caixa demonstrou como utilizar recursos do governo, por meio dos bancos públicos venezuelanos, para que a habitação se tornasse possível para a população de baixa renda na Venezuela.
Como exemplo da importância dos bancos públicos em outros momentos de crise, a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, lembrou a atuação das instituições na crise econômica mundial de 2008. Os bancos públicos atuaram como forte instrumento de políticas anticíclicas como a expansão de crédito e redução das taxas de juros para estimular o consumo.
“Nós sabemos que quando os governos realmente se interessam em fazer políticas públicas e sociais, esses bancos são fundamentais. Na crise financeira mundial de 2008, o presidente Lula usou os bancos públicos para baixar os juros e aumentar o crédito. Assim a crise não atingiu o país. Aconteceu o contrário – nós conseguimos nos desenvolver”, opinou.
Também participaram do painel o secretário geral da Contraf/CUT, Gustavo Tabatinga; o vice-presidente da UNI Finanças, Eduardo Negro; o presidente da Associação dos Bancários do Uruguai (AEBU), Elbio Monegal; o secretário geral do Sindicato Único de Trabalhadores do Banco Nacional do Peru (Sutban), Jorge Peña e o secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores do Banco da Costa Rica (Uneabanco), Roger Muñoz. A oficina foi intermediada por Guillermo Maffeo, da UNI América.
Fonte: CONTRAF
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