26/11/2018
11º Congresso da FETEC-CUT/SP debate mudanças na legislação trabalhista, novas tecnologias e “banco do futuro”
A mesa de debate sobre o “banco do futuro” e o emprego de novas tecnologias no Sistema Financeiro, conduzida pela presidenta do Sindicato dos Bancários de Sâo Paulo, Ivone Maria da Silva, trouxe para a discussão a estratégia de redução do número agências físicas e o aumento do número de fintechs - startups que prestam serviços do sistema financeiro.
Estes fenômenos compõem um processo que atinge os trabalhadores reduzindo o número de empregos e a composição da categoria, que tende a encolher cada vez mais. Esta “reestruturação” também atinge diretamente os sindicatos, pois muitos dos novos trabalhadores do ramo não tem a representação dos sindicatos.
Segundo Gustavo Cavarzan, economista do Dieese, desde 2012, os bancos têm registrado saldo negativo de empregos mês a mês. De lá para cá, já são quase 60 mil postos de trabalho fechados nos bancos, embora no período os bancos tenham registrado recordes de lucro.
“Toda a parte transacional do banco, ou seja, aquela que era feita na agência pelo caixa ou pelo escriturário, está sendo ou terceirizada para os correspondentes bancários ou transferida para os aplicativos de celular. Esse é um aspecto da reestruturação. Outro aspecto diz respeito a uma série de atividades de apoio interno do banco, que também estão sendo automatizadas, e o pior é que não sabemos quem são, onde estão ou o que desejam estes trabalhadores”, explica o economista.
Para Márcio Monzane, secretário-geral Regional da UNI América, o que vem ocorrendo não é um fenômeno local e isolado. “É evidente que existe um ataque mundial aos direitos dos trabalhadores, através de uma retomada neoliberal que utiliza o poder da indústria da informação e da mídia comprometida com esta causa, para iludir os que vivem dos seus salários. Criam uma pós-verdade, querendo fazer crer que, se reduzirem direitos, flexibilizarem os salários e as formas de contratação, vamos ter mais empregos. Tudo isso não passa de uma grosseira mentira", explica o secretário.
Reforma Trabalhista e os impactos na Organização Sindical
O Dr. Eymar Loguercio, da LBS Advogados, abordou o novo cenário da Justiça Trabalhista diante das mudanças e das muitas dúvidas impostas pela reforma que entrou em vigor em novembro.
“Existe muita indefinição inclusive do ponto de vista jurídico. A reforma não é uma novidade. Foca em flexibilizar o conceito e a lógica das relações de trabalho. Em seguida, aposta no enfraquecimento dos sindicatos, o que já vinha sendo pensado ao longo dos anos. Depois, impõe o negociado sobre o legislado com a expectativa de reduzir direitos. Por fim, coloca a Justiça do Trabalho na mesma lógica de desmonte da estrutura e da legislação”, argumento o advogado.
Eymard diz ainda que o movimento mundial do capitalismo para flexibilização dos direitos trabalhistas, com a intenção de domesticar a classe trabalhadora, não seria uma questão macroeconômica, e sim uma doutrina neoliberal, visando a flexibilização de jornada, fim dos acordos coletivos e enfraquecimento do movimento sindical.
Fonte: FETEC CUT
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