07/04/2016
Agências digitais do Itaú no alvo do Sindicato
O Sindicato cobrou do Itaú respostas sobre os inúmeros problemas que envolvem as agências digitais. Diversos bancários têm denunciado metas abusivas, assédio moral, condições de trabalho degradantes e falta de transparência no programa Agir. Durante a reunião, marcada para apresentar a estruturação dessas unidades, na quarta 6, os dirigentes sindicais questionaram também por que são impedidos de visitar prédios que abrigam o novo segmento.
"Exigimos o acesso para que possamos dialogar com os trabalhadores e fiscalizar as condições de trabalho, mas o banco se recusa a autorizar, o que caracteriza prática antissindical condenada pela Organização Internacional do Trabalho", denuncia a dirigente sindical Valeska Pincovai. "Se o Itaú não tem nada a esconder, por que não permite nossa entrada?", questiona.
Segundo denúncias enviadas ao Sindicato por meio do canal de conflito, as condições de trabalho são péssimas em muitos locais que abrigam as agências digitais. Bancários se queixam de ar-condicionado com temperaturas extremas e água estragada nos bebedouros, que causou surtos de infecções intestinais. Também afirmam que são obrigados a atender clientes via headset em uma jornada de oito horas, o que é proibido pelo Ministério do Trabalho " o órgão estipula um máximo de seis horas.
O canal de conflito é um conquista da Campanha Nacional 2010 e permite ao bancário o encaminhamento de denúncias ao Sindicato. O sigilo é absoluto. Para efetuar uma denúncia ligue 3188-5200 ou clique aqui.
Durante a reunião, os representantes do Itaú relataram que as agências digitais empregam 2.156 funcionários em sete prédios, sendo seis em são Paulo e um no Rio de Janeiro. Ainda segundo o banco, 69 unidades convencionais foram fechadas desde o início da implantação do novo projeto, 30 no estado de São Paulo.
Carlos Damarindo, diretor executivo do Sindicato e também funcionário do Itaú, ressalta que as agências digitais ferem normativa do Banco Central, que proàbe os bancos de recusar ou dificultar aos clientes o acesso aos canais de atendimento convencionais, mesmo oferecendo atendimento alternativo ou eletrônico.
"O cliente que migra para uma agência digital não tem mais o atendimento pessoal com um gerente. Muitos bancários nos relataram que isso é motivo de muita reclamação entre os clientes. Para piorar, o Itaú fechou dezenas de agências, dificultando ainda mais o atendimento físico", diz Carlos Damarindo.
Metas " Motivo de muita queixa entre os bancários, os dirigentes sindicais cobraram mais transparência nos critérios para a contemplação do programa Agir. Também reportaram as queixas sobre metas abusivas e assédio moral na forma de divulgação de rankings individuais, proibido pela Convenção Coletiva de Trabalho.
Questionaram ainda a situação de quem bateu as metas nas agências convencionais e posteriormente foi transferido para as digitais. Para essa questão o banco ficou de dar uma resposta.
Carreiras e cargos " Os novos cargos criados por causa das agências digitais também foram abordados na reunião. O gerente que se destaca é promovido ao chamado líbero. Essa função é a que melhor traduz a realidade de metas abusivas, rotina degradante e falta de transparência nos critérios do Agir, evidenciadas nas agências digitais.
"O líbero nada mais é que o Bombril da operação, o protetor de cárter, o tonto da vez", descreve um bancário em uma das denúncias recebidas pelo Sindicato. O Itaú explicou que a atribuição é "apagar o fogo", ou seja, resolver os problemas das agências convencionais e digitais.
Os gerentes operacionais que migraram das unidades bancárias convencionais para as agências digitais estão passando por um processo de seleção a fim de ocuparam o cargo de coordenação " o que é uma espécie de promoção. Segundo o banco, aqueles que não forem aprovados terão de arrumar outra área ou voltar para as agências de rua.
Os representantes do Itaú rechaçaram a possibilidade de terceirização nas atividades das agências digitais. Também foi informado que 70% dos funcionários das agências fechadas foram realocados, 24% estão em processo e os restantes 6% se demitiram voluntariamente.
Cipa " Os dirigentes sindicais também cobraram a implantação de comissões internas de prevenção de acidentes (Cipas) nesses prédios comerciais que abrigam as agências. As Cipas têm a obrigação de levantar os problemas relacionados à condições de trabalho, reportá-las ao banco e cobrar soluções.
O retorno para essas reivindicações está previsto para o dia 28 de abril, quando também serão discutidas questões relacionadas a saúde e condições de trabalho. "Esperamos que até lá o banco apresente respostas para as nossas demandas", cobra o dirigente Carlos Damarindo.
Fonte: SEEB SP
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