01/03/2016
Em 10 anos, jornada feminina cresceu uma hora
A mais recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprova que a mulher, apesar de ser maioria na população e no mundo do trabalho, continua ganhando menos e trabalhando mais. Na sexta-feira 4, a Central única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP) abre oficialmente as atividades do Mês das Mulheres com a realização do Sarau da Mulher Trabalhadora.
> Sarau em 4 de março abre Mês das Mulheres
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), feita entre os anos de 2004 e 2014 com 150 mil famílias, a dupla jornada feminina aumentou uma hora. Agora elas trabalham cinco horas a mais do que eles.
A estatística também mostra que, enquanto a jornada de trabalho masculina fora de casa caiu de 44 horas para 41 horas e 36 minutos por semana, a carga horária dedicada ao trabalho doméstico se manteve estável. Ou seja, o tempo livre não foi revertido em maior dedicação ao lar.
Nesse mesmo período de 10 anos, a mulher manteve uma média de jornada de trabalho fora de casa de 35 horas e meia, mas ainda continua ganhando 24% a menos que os homens " e acumulando tarefas domésticas.
Para a economista Marilane Teixeira, a diferença persiste porque os homens não reconhecem que as responsabilidades devem ser compartilhadas de forma igualitária. "A cultura enraizada naturaliza papéis sociais para homens e mulheres", comentou.
A dupla jornada é realidade da grande parte da população feminina no país.
"A mulher, na maioria dos lares, ainda é responsável pelas tarefas domésticas, pelos cuidados familiares e dos filhos. A CUT junto com outras centrais sempre defenderam a compartilhamento de responsabilidades familiares para que a mulher possa ter mais igualdade de oportunidade", explicou a secretária Nacional da Mulher Trabalhadora, Junéia Batista.
Segundo a dirigente, a responsabilidade das mulheres pelas tarefas doméstica geram problemas maiores nas relações de trabalho. "A divisão sexual do trabalho acarreta em discriminação no mercado de trabalho, violência a qual as mulheres estão submetidas diariamente com salários menores, condições degradantes e sofrendo mais constantemente assédio moral e sexual".
Convenção 156 - Segundo a OIT, a incorporação das mulheres ao mercado de trabalho vem ocorrendo de forma expressiva sem que tenha ocorrido uma nova pactuação em relação à responsabilidade pelo trabalho de reprodução social, que continua sendo assumida, exclusivamente ou principalmente, pelas mulheres.
Existe uma recomendação da OIT sobre a Igualdade de Oportunidades e de tratamento para Trabalhadores e Trabalhadoras com Responsabilidades Familiares que é a Convenção 156, mas o Brasil está entre os poucos países da América Latina que não ratificou a recomendação internacional.
"A CUT também está na linha de frente na campanha pela ratificação da Convenção 156 no Brasil, porque as mulheres sindicalistas acreditam que é uma importante ferramenta para as mulheres conseguirem igualdade de oportunidade no acesso e permanência no mercado de trabalho e para que o Estado assuma sua parte com pessoas que dependem de outra para viver", finalizou Junéia.
Fonte: CUT
• Veja outras notícias