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29/10/2013

Ministério Público do Trabalho alerta para consequências do assédio moral na categoria bancária

 O modelo de gestão dos bancos é fator de risco para a categoria bancária. Essa é a sín­tese dos debates realizados em "Ato Público de Reflexão sobre o Assédio Moral no Setor Bancário", promovido pelo Ministério Público do Trabalho, na última quinta-feira 24, em São Paulo.

O ato integra campanha da Coordenadoria de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade) do MPT contra o assédio moral nos bancos, idealizada face às estatísticas relacionando a prática ao elevado ín­dice de adoecimento na categoria.

O evento contou com participação de procuradores, advogados, representantes sindicais e da Fenaban, numa reflexão sobre as consequências da violência organizacional atualmente existente no sistema financeiro.

A auditora fiscal do Trabalho da SRTE/SP, Luciana Veloso, abordou o adoecimento do trabalhador bancário acarretado pelas metas abusivas, ritmo acelerado e sobrecarga física, lembrando os riscos psicossociais no trabalho, dentre os quais as Sín­dromes de Bournout e Karoshi, doenças musculoesqueléticas, depressões, tentativas de suicídio e suicídio. "As avaliações individuais e a forte concorrência dentro das instituições financeiras são os grandes vilões", afirmou ao citar também o risco de doenças ocasionadas pelo estresse pós-traumático ocasionado por ocasiões de extrema violência, como assaltos e sequestros.

A mestra e especialista em Direito do Trabalho, Adriana Calvo, utilizou o termo "toxicidade organizacional" para descrever o quão grave se faz esse tipo de assédio na saúde do trabalhador. Segundo ela, sua pesquisa de doutorado chegou a inúmeras denúncias desse tipo de situação contra os bancários, sendo os bancos mais citados Bradesco, Itaú, Santander e Banco do Brasil.

O juiz do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho 2ª Região/SP, Paulo Eduardo Vieira de Oliveira, atribuiu essa falta de humanização ao sistema capitalista. "Hoje o que importa para o empresariado é o lucro em detrimento da saúde dos trabalhadores", afirmou.

Conforme o debate, as metas exigidas pelos bancos não levam em conta o trabalho real do bancário, muito menos as habilidades individuais. O foco é exclusivamente a produção. E para que essas metas sejam cumpridas, as instituições se valem de assédio moral organizacional, também conhecido como straining.

Trata-se de gestão por estresse, por meio da qual os empregados são levados ao limite de sua produtividade, em razão de ameaças, que vão desde a humilhação e ridicularização em público até a demissão. A prática às vezes ocorre de maneira sutil. Em outras, ostensivamente, através de supervisores. Em todas as formas, no entanto, o assédio ocorre em cadeia, uma vez que o gestor também sofre pressões superiores.

"A cada denúncia, as instituições financeiras tentam se isentar, culpando os gestores e até mesmo o mundo estressante. Mas não é por ai, não se pode tratar a questão individualmente quando o problema é organizacional", denunciou Adma Gomes, diretora de Saúde da FETEC-CUT/SP que também crítica o desvio de função no setor: "Banco é prestador de serviços. Desta feita, o bancário não está lá para vender produtos, mas sim para prestar atendimento a clientes e usuários".

A dirigente da FETEC-CUT/SP aproveitou para chamar a atenção sobre a necessidade de o Ministério do Trabalho e Emprego instituir NR (Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho) específica para o ramo financeiro devido a essa violência na gestão organizacional dos bancos.

Ao final do evento, os representantes sindicais presentes relataram a luta contra a violência organizacional nas instituições financeiras e mencionaram a recente conquista, em Campanha Nacional, da inclusão de duas novas cláusulas ligadas à questão na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2013/2014. A primeira institui a proibição aos gestores de enviar torpedos aos celulares particulares dos bancários com cobranças para cumprimento de resultados. A segunda estabelece a constituição de grupo de trabalho para analisar as causas dos afastamentos médicos na categoria bancária.

"Ao realizar o ato e desenvolver a campanha de combate ao assédio moral no setor bancário, o MPT reconhece a existência da prática e o quão ela é prejudicial aos trabalhadores", afirma Adma Gomes ao citar a recente Pesquisa realizada pela Universidade de Brasíl­ia (UnB), revelando que diariamente um bancário tenta suicídio e, a cada 20 dias, um deles leva a cabo a sua empreitada.

Os debates demonstraram a importância de se prosseguir com as parcerias entre o movimento sindical, Ministério Público do Trabalho e universidades na busca pela humanização do trabalho, de maneira com que ele deixe de ser mera ferramenta de lucro das empresas, e possa tornar-se instrumento de realização pessoal e de transformação social.

 

Fonte: FETEC-CUT/SP

 

 

 

 

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