08/11/2016
Luta contra terceirização não pode parar
“É uma situação de desigualdade. Tem muita diferença salarial. Geralmente um bancário ganha o dobro, até três vezes mais, tem mais benefícios. Enquanto o bancário ganha mais de R$ 1.000 só de ticket, o terceirizado ganha isso de salário, e tudo isso para exercer a mesma função. E saber que isso pode ser aprovado pelo STF é muito triste.”
Com esse depoimento, um atendente de call center terceirizado do Bradesco conseguiu resumir a dureza da vida dos trabalhadores submetidos a esse regime de contratação. O trabalhador conta que está preocupado com o julgamento da ação no Supremo Tribunal Federal que pode liberar a terceirização de todas as atividades de uma empresa.
“Vai ser injusto porque vai defender os patrões [se a terceirização for liberada]. Quem está no banco vai correr o risco de ser mandado embora para ser contratado como terceirizado, porque vai ser mais barato para o banco e os lucros vão acabar ficando para os banqueiros.”
O Bradesco lucrou R$ 26 bilhões entre janeiro de 2015 e junho de 2016. No mesmo período, cortou seis mil postos de trabalho.
“Eu acho que o Bradesco faz uma tentativa de sugar as pessoas até não terem mais sangue nenhum, e aí ou pedimos a conta ou vamos vivendo a base de médico, psicólogo, antidepressivo. A pessoa tem um dia a dia muito maçante, que acaba te degradando dia após dia. Você não tem mais prazer porque o sistema não te trata como uma pessoa, te trata como número”, desabafa outro terceirizado.
“Para garantir os altos lucros dos bancos, vale acabar com a classe trabalhadora, começando pela destruição dos direitos trabalhistas, por isso temos de estar atentos”, afirma Erica de Oliveira, dirigente sindical e bancária do Bradesco. “A mobilização já deu resultado nos últimos anos, quando o Sindicato conseguiu internalizar terceirizados do Bradesco Financiamentos e da Manpower, mas temos de nos manter organizados contra a aprovação da lei da terceirização no Congresso e para pressionar os ministros do STF a votarem contra esse ataque aos nossos direitos e qualidade de vida”, acrescenta.
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Fonte: SEEB SP
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