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03/12/2018

A quem interessa um privatista no comando do BB

O futuro ministro da Economia escolheu mais um colega da Universidade de Chicago, centro propagador do neoliberalismo, para integrar o próximo governo. Segundo veículos de imprensa, Rubem Novaes foi indicado para presidir o Banco do Brasil. O nome ainda deverá passar pelo crivo do presidente eleito.

Para presidir a Petrobras, o superministro da economia já escolheu Roberto Castello Branco, que também se laureou na universidade neoliberal dos Estados Unidos.

Rubem de Freitas Novaes foi diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), presidente do Sebrae e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV). O economista, que foi denunciado em 1999 por repassar informações ao mercado financeiro no caso Marka, já fazia parte da equipe de consultores da campanha de Bolsonaro, sendo responsável pelo programa de privatização. Ele foi absolvido da acusação.

Novaes não esconde sua intenção de privatizar ativos do banco. A ideia seria fazer isso em etapas e por meio do mercado de capitais.

“Aquela fase de privatização em que você direcionava venda para determinados compradores está ultrapassada. A ideia é muito mais usar o mercado de capitais nas operações de privatizações. Não necessariamente serão privatizações totais. IPOs [oferta inicial de ações, na sigla em inglês] e, numa segunda etapa, partir para privatização”, disse o economista em novembro, segundo a Istoé, ao deixar o CCBB, em Brasília, onde a equipe de transição está reunida.

O nome de Novaes passou a circular na mesma semana em que o jornal Valor Econômico noticiou a informação de que a gestão Caffarelli iniciou tratativas para entregar a BB DTVM a uma gestora de recursos norte-americana, em uma transação obscura.

“Caso a informação se confirme, colocar um economista de orientação privatista e neoliberal no comando de um banco público é um forte indicativo de que a próxima gestão pretende fatiar o Banco do Brasil e encolher ainda mais a sua atuação, que já sofre com esse processo de diminuição desde que Michel Temer Tomou o poder”, alerta João Fukunaga, secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato os Bancários e funcionário do Banco do Brasil.

“Esse movimento só beneficiará os bancos privados, que terão ainda menos concorrência em um setor já extremamente concentrado e pouco competitivo, o que resulta nos juros e tarifas altíssimos cobrados da população”, acrescenta o dirigente.

Fundamental para a sociedade

Em um exemplo óbvio da importância dos bancos públicos e da ação do Estado na Economia, o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste (BNB) são responsáveis por financiar a agricultura familiar por meio do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que responde por 70% da produção de alimento consumido pelos brasileiros, a juros que variam entre 2,5% e 5,5% ao ano.

Sem essa taxa mais baixa, os agricultores teriam de tomar empréstimos nos bancos privados, que cobram até 70% de juros ao ano, o que, invariavelmente, iria encarecer o custo da comida.

> Veja como os bancos públicos são fundamentais para a sociedade

Mas Novaes parece não reconhecer essa atuação. Em artigo de 2015, publicado no jornal Estado de S. Paulo e no site do Instituto Millenium, o economista escreveu que “poucos se dão conta de que a intervenção estatal pode estar criando mais problemas que os que pretende resolver”.

“O movimento sindical vai continuar lutando contra os ataques aos bancos públicos representados pela privatização de ativos, fechamento de agências e planos de demissão. Mas é preciso que os trabalhadores integrem essa campanha, participando dos atos e conscientizado amigos, vizinhos e familiares sobre a importância dos bancos públicos”, conclama João.

Fonte: Redação Spbancarios, com informações da Revista Fórum e da Istoé

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